quinta-feira, 29 de março de 2012


Entrevista com a apresentadora Nádia Naura de Oliveira

Por Mariana de Sousa Caires
Nascida em Carazinho, Rio Grande do Sul, Nádia Oliveira começou cedo no jornalismo. Aos treze anos já era radialista em Porto Alegre e hoje desempenha os papéis de âncora, produtora e apresentadora de vários programas da TV Prevê de Bauru, inclusive o telejornal Enfoque Regional.
Há 10 anos numa emissora educativa como a TV Prevê, Nádia sempre tomou como imprescindível no seu trabalho  a prestação de serviços à comunidade, o que ela acredita ser o carro chefe do jornalismo. Nádia trouxe à entrevista além de informações sobre a evolução do telejornalismo, a sua opinião sobre mudanças que ele vem sofrendo, vale a pena conferir!


REPÓRTER – Nádia, o que o telejornalismo trouxe de novidade e como você vê a evolução do jornal nesse meio?
NADIA O. – O telejornalismo desde o início trouxe muitas novidades ao público e sempre foi o carro chefe da televisão. Em comparação ao rádio, meio onde comecei, o texto da televisão é mais sucinto e objetivo, já que conta com toda a informação trazida pela imagem.
Na evolução do próprio telejornalismo, as redações perderam sua beleza e poesia. Elas foram diminuindo de acordo com as mudanças no cotidiano, que se tornou mais dinâmico. Mas apesar de estarem mais compactas, as redações estão mais aprimoradas e auxiliam na rapidez da informação que chega ao telespectador. Um grande fator de mudança foi a chegada da internet. Ela trouxe interatividade com o público na transmissão dos programas, e também total agilidade à captação de informações. A internet propiciou atualidade ao jornal e aumentou nosso circulo de fontes. São várias pequenas informações contidas nesse meio que resultam em notícias mais firmes e autênticas. Na internet encontra-se muita informação, que é justamente o importante para o jornalismo e sempre terá valor.


REPÓRTER – Você falou dos avanços com a chegada da internet, mas ela pode ser uma ameaça ao telejornalismo? Como?
NÁDIA O. – A internet é uma ferramenta extraordinária de mídia, mas não nos dá tudo e nem tudo o que ela nos dá é de confiança. É preciso apurar as informações encontradas na rede assim como apuramos as ligações que recebemos na TV Prevê. Ela não deve ser vista como ameaça à audiência da televisão. Sempre existirá quem prefere assistir o telejornal a ler a notícia nas paginas da web. Além de que a notícia dada na televisão normalmente é mais trabalhada e dá mais segurança ao espectador.

REPÓRTER – Como vocês utilizam a internet a favor do telejornalismo?
NÁDIA O. - A participação do público pela internet está crescendo, ele nos envia sugestões, cobranças e perguntas pelo nosso site. Nosso telejornal Enfoque Regional aproveita a participação do internauta por email. Também é possível ver a programação ao vivo da TV PREVÊ no nosso site. Mas não é por isso as pessoas deixaram de gostar do contato por telefone conosco. 60% das perguntas chegam por telefone, parece que o público tem essa preferencia por poder esclarecer sua questão e também por sentir-se ouvido por nós. 

REPÓRTER – Como o telejornalismo desempenha o papel de ajudar a população?
NÁDIA O. - É essencial num telejornal que ele informe a população sobre os fatos que aconteceram a seu redor e principalmente que alerte a comunidade. A nossa principal fonte de notícia é o público, então o retorno deve ser de assistência, de ajuda à população. Como jornalistas, temos acesso a bastante informação que o público não conhece, por exemplo, questões políticas. Grande parte da nossa produção é politica e investigativa, justamente pelo serviço prestado à população ser de tanta importância. Então o que temos a fazer é divulgar a notícia da forma mais explicativa possível e estabelecer sempre o contato com o público.

A nossa principal fonte de notícia é o público, então o retorno deve ser de assistência, de ajuda à população.


REPÓRTER – no seu ponto de vista, qual seria o formato ideal de telejornalismo?
NÁDIA O. - O telejornalismo ideal é aquele bem diversificado, que abrange a maior quantidade de temas possível, sempre com qualidade. Mas ele também deve ser feito com a sensibilidade de escolher temas que merecem destaque e são de grande importância à população. Temas bons e bem trabalhados garantem o retorno do público e dão muita gratificação.

REPÓRTER – Nádia, do que você sente falta no telejornalismo?
NÁDIA O. - É uma questão difícil, já que o telejornal vem crescendo tanto. Com interatividade, tecnologia e profissionais qualificados ele está ganhando cada vez maior qualidade. Ele está melhorando muito, mas falta um telejornalismo mais investigativo nas emissoras regionais para dar ao publico a maior assistência e conhecimento possível.


A TV Prevê - http://www.tvpreve.com.br/base.asp



Entrevista com Nádia Naura de Oliveira.
Gabriela Sanches de Lima

Nádia Naura de Oliveira nasceu no Rio Grande do Sul e atualmente trabalha em Bauru, na TvPrevê. Já trabalhou como radialista, mas hoje atua na área do telejornalismo. É âncora, produtora e apresentadora e coordena programas de cunho social e político que interessam a toda população. Nessa entrevista, Nádia conta um pouco mais do que é o telejornalismo para ela e as transformações ocorridas com ele.

Foto: Laura Fontana

     1)      Em sua opinião, você acha que o telejornalismo evoluiu?
Nádia – Sim, muitas evoluções positivas. Diferente do rádio, o telejornalismo pode utilizar imagens que deixam o texto bem sucinto e objetivo. A evolução dentro da redação foi a própria. Hoje, a redação melhorou, teve que ficar compacta. A qualidade da imagem também melhorou muito com o sinal digital. A internet também ajudou na evolução com a interatividade. Ela proporcionou ao jornalismo a possibilidade de ser muito mais atuante e factual. Todas essas mudanças deixaram a notícia mais autêntica.

      2)   Por outro lado, você não acha que a internet tomou um pouco o lugar do telejornalismo?
Nádia – Depende do gosto do leitor, mas não diminuiu importância nenhuma. A internet passou a ser uma ferramenta extraordinária de mídia, a notícia está a sua disposição o momento que você puder acessar, o que não acontecia antigamente. Agora, aquele jornal em que você confia, você não espera? A internet não passa a confiança que o telejornalismo passa. Acho que a internet não vem substituir, ela vem agregar.

3)      E aqui na TvPrevê, como é a participação da internet com o público?
Nádia – Aqui na TvPrevê há bastante participação da internet com o telespectador. Os internautas podem assistir alguns programas na internet o horário que desejarem. Mas ainda assim, os e-mails não tomam o lugar dos telefonemas. Hoje 40% da participação é pela internet e 60% é pelo telefone. As pessoas ligam aqui para contar ou reclamar de alguma situação que pode virar matéria, afinal quem faz a pauta? São as pessoas, a população.

4)      E na sua opinião, qual a importância do telejornalismo para essa população que faz a pauta?
Nádia – Além de informar, o telejornal também alerta. É uma prestação de serviços que oferece a população o que ela necessita. Mostra reinvindicações, alertas sobre assaltos, cuidados com a sociedade. Por exemplo, é necessário alertar a população que um homem se faz de carteiro para na verdade assaltar as casas dos bairros daqui de Bauru.

5)      O que falta para o telejornalismo ficar ideal?
Nádia – O jornalismo ideal é aquele bem diversificado e investigativo. É aquele que te informa o destino dos nossos recursos, que investiga assuntos de interesses da população. Acho que falta isso para as emissoras locais. Um jornal que além de passar notícias do cotidiano das pessoas, investiga também. Porque o telejornal, na verdade, reflete a condição de uma sociedade e de como ela vive.


Entrevista com o professor Pedro Celso Campos

Mariana de Sousa Caires

Professor de Técnica em Reportagem e Entrevista do curso de Jornalismo na Unesp de Bauru, Pedro Campos é amplo conhecedor do assunto retratado nessa primeira reportagem do nosso espaço no blog: A Evolução do Telejornalismo.

Graduado em jornalismo na UnB (Universidade de Brasília) em 1976, Pedro Celso Campos trabalhou em grandes telejornais, como o Jornal Painel, de Brasília e o Jornal Hoje, ambos da TV Globo. Concluiu seu Mestrado em Projeto, Arte e Sociedade, na FAAC-Unesp-Bauru e tornou-se Doutor em jornalismo Ambiental na ECA-USP. Nessa conversa, Pedro Campos conta sobre sua experiência em telejornal e revela seu ponto de vista sobre as mudanças ocorridas na área.


REPÓRTER – Pedro, tendo em vista o processo de evolução do telejornalismo, em que ele melhorou?

PEDRO C. – O jornalismo evoluiu muito em decorrência dos avanços na tecnologia. Antes nada era gravado, então com tudo ao vivo os erros não podiam ser corrigidos. Portanto, o videotape foi um grande passo para a melhoria da qualidade do que é transmitido. Hoje o processo de edição é mais completo, o material recebe intervenções e é depurado.
Outra mudança importante foi no Sistema de Transmissão. Não existia transmissão via satélite ou microondas. O jornal era local, ao vivo, específico de cada praça. Mas isso também acabou estimulando cada região a aperfeiçoar sua televisão.
No Governo Militar, foi instaurado o sistema de microondas, na intenção de integrar o Brasil. Esta foi uma estratégia de segurança nacional que facilitou a comunicação em rede, mas também beneficiou algumas emissoras. O Jornal Nacional, por exemplo, foi resultado desse processo e está no ar em rede nacional até hoje com seu grande público. Depois, surgiu a transmissão via satélite, com alcance internacional e além da integração, trouxe como importante mudança a retransmissão de material na TV.

REPÓRTER – Professor, você tem algum exemplo de mudança nos jornais? Elas foram boas?
PEDRO C. – No começo, o jornal brasileiro era mais formal, contando com uma bancada de uma só pessoa responsável por ancorar o telejornal. Mas com o tempo nós adotamos o modelo americano de fazer notícia. Então o jornalismo virou um entretenimento, muitos dos telejornais passaram à forma de revista.
O que era um jornalismo sério sofreu uma quebra de paradigma. O sistema com duas pessoas numa bancada dá ambientação à notícia, hoje o telejornal é mais aberto, há uma cadeia de ressonância entre os repórteres e os âncoras, eles têm muita comunicação em rede.  Este é um modelo interessante, o problema é quando se perde a seriedade no jornal e o foco sai da notícia.

REPÓRTER – O senhor já trabalhou em grandes jornais, fale sobre a sua experiência.

PEDRO C. - Trabalhei como editor no jornal painel, em Brasília, que ia ao ar à meia noite. Ele era de âmbito político e por ser em Brasília, tinha muito a ver com a realidade da capital. No jornal hoje o público era mais abrangente, mas como editor do núcleo de Brasília eu podia fazer um jornal de serviço à comunidade, que dava um olhar sobre a cidade.

REPÓRTER – Professor, o que falta no telejornalismo brasileiro?
PEDRO C. – O telejornalismo brasileiro precisa ser mais bem pautado, pois muitas pautas de grandes emissoras são uma bagunça. Eles têm que tem a noção de que precisam dar conta dos assuntos mais relevantes do país como jornalistas. Além disso, o telejornalismo regional precisa ser mais cuidadoso, já que o retorno é sempre imediato. Há muitos escândalos que mancham a marca do jornalismo. Ele deve deixar de ser tão exagerado e então ser mais a serviço da população. Principalmente, os jornais deveriam ser mais livres, fugir de tantas ideologias e dos interesses de grupo que tanto refletem nas noticias exibidas.

Curriculum de Pedro Celso Campos

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4706097H7&idiomaExibicao=2

Projeto de Pedro Campos na Unesp


Entrevista com Pedro Celso Campos
 Gabriela Sanches de Lima
 
Foto: Marina Moia
Pedro Celso Campos é professor do curso de Jornalismo da UNESP e ministra aulas de Técnicas de entrevista e Redação para o primeiro ano. Já trabalhou como editor em jornais de grande circulação como Jornal Hoje e nessa entrevista conta um pouco mais da importância do telejornalismo para ele e para a sociedade.

1)      Em sua opinião, quais foram as melhoras que o Telejornalismo teve desde os anos de 1950?
PCC-  As tecnologias ajudaram muito os telejornais. Antigamente não existia videotape, o que dificultava as matérias gravadas, então tudo tinha que ser ao vivo e errar nessa situação era complicado. Hoje com a gravação é possível refazer a matéria, editar, corrigir e organizar, deixando a matéria mais decente. Outra coisa também que ajudou muito foi o sistema de transmissão. Antigamente também não existia transmissão via satélite e nem mesmo micro-ondas, então o jornal tinha que ser feito sempre local. Cada região tinha seu jornal para fazer as matérias ao vivo, o jornalismo ficou muito localizado e dava conta só de assuntos regionais.
Depois com o governo militar foi criado o sistema com micro-ondas. Ele tinha intenção de integrar o Brasil através da comunicação. Integrar não somente com rodovias e ferrovias, mas também com a comunicação, porque isso era como se fosse uma estratégia. Por isso, os militares instalaram aquelas torres de micro-ondas que facilitavam as comunicações em rede. Inclusive a Rede Globo foi procurada pelos militares para poder tirar proveito dessa oportunidade, tanto que a Globo tirou muito proveito dessa integração em rede. O Jornal Nacional está vivo até hoje porque é um jornal em rede, é transmitido por todo o Brasil.
Depois das micro-ondas, veio o satélite. Ele permitiu a transmissão internacional, em que você podia transmitir coisas do Brasil no exterior, canais como GloboNews que transmite notícias para o mundo.

2)      O que você acha que deveria ser mantido no telejornalismo atual do telejornal de antigamente?
PCC- Bem, antigamente havia um telejornalismo mais formal, com uma pessoa só na bancada que praticamente ancorava todo o telejornal. Mas, o modelo americano de televisão acabou desdobrando isso. Hoje em dia os programas de âncora são programas de entretenimento, como por exemplo, o programa do Jô Soares que é regido por uma pessoa, mas não é um telejornal, é uma revista. Agora no telejornal, você passou a ter uma queda nos paradigmas, o jornal é projetado de uma forma dialogada, duas pessoas em uma bancada e elas conversavam e além de conversarem entre si, elas conversam com os repórteres, outra vez a tecnologia possibilita que isso aconteça. Então hoje você vê um telejornal mais aberto, mais livre, o que representa o modelo americano e o Brasil copia muito.

3)      Você não gosta desse modelo americano?
PCC- Eu acho legal, o jornal fica interessante. O que não pode é perder a seriedade e a continuidade, que é fundamental. Muitas vezes o jornal está tratando de um assunto delicado, como uma tragédia ou algo do tipo, e se houver alguma edição com as outras matérias também, pode ocorrer que quem apresente a próxima matéria, entre sorrindo ou brincando. Por isso é necessário estar sempre muito atento para não cometer gafes no ar.

4)      Você já fez telejornalismo? Por quanto tempo?
PCC- Sim, na Globo em Brasília eu trabalhei como editor do Jornal Hoje durante cinco anos e também fui editor de um jornal chamado Painel. Ele ia ao ar à meia-noite em Brasília, tinha três blocos, um bloco de notícias, o outro era sempre uma entrevista com alguém diplomático, como embaixador, e o terceiro bloco era sempre com alguém do congresso, por exemplo, senador, deputado. Era um telejornal focado para Brasília, um ambiente voltado para esse contexto político.

5)      Em sua opinião, o que falta para o telejornalismo brasileiro ficar melhor?
PCC-  O telejornalismo brasileiro deve ser conduzido com mais seriedade, ser mais bem pautado, tratar das questões relevantes para o país. Os jornais regionais, por exemplo, devem ser mais cuidados, porque acontecem muitos exageros nas notícias e a qualidade cai muito. Nunca se deve esquecer que a televisão é um organismo de alta ressonância e que o retorno é muito forte.