quinta-feira, 29 de março de 2012


Entrevista com Pedro Celso Campos
 Gabriela Sanches de Lima
 
Foto: Marina Moia
Pedro Celso Campos é professor do curso de Jornalismo da UNESP e ministra aulas de Técnicas de entrevista e Redação para o primeiro ano. Já trabalhou como editor em jornais de grande circulação como Jornal Hoje e nessa entrevista conta um pouco mais da importância do telejornalismo para ele e para a sociedade.

1)      Em sua opinião, quais foram as melhoras que o Telejornalismo teve desde os anos de 1950?
PCC-  As tecnologias ajudaram muito os telejornais. Antigamente não existia videotape, o que dificultava as matérias gravadas, então tudo tinha que ser ao vivo e errar nessa situação era complicado. Hoje com a gravação é possível refazer a matéria, editar, corrigir e organizar, deixando a matéria mais decente. Outra coisa também que ajudou muito foi o sistema de transmissão. Antigamente também não existia transmissão via satélite e nem mesmo micro-ondas, então o jornal tinha que ser feito sempre local. Cada região tinha seu jornal para fazer as matérias ao vivo, o jornalismo ficou muito localizado e dava conta só de assuntos regionais.
Depois com o governo militar foi criado o sistema com micro-ondas. Ele tinha intenção de integrar o Brasil através da comunicação. Integrar não somente com rodovias e ferrovias, mas também com a comunicação, porque isso era como se fosse uma estratégia. Por isso, os militares instalaram aquelas torres de micro-ondas que facilitavam as comunicações em rede. Inclusive a Rede Globo foi procurada pelos militares para poder tirar proveito dessa oportunidade, tanto que a Globo tirou muito proveito dessa integração em rede. O Jornal Nacional está vivo até hoje porque é um jornal em rede, é transmitido por todo o Brasil.
Depois das micro-ondas, veio o satélite. Ele permitiu a transmissão internacional, em que você podia transmitir coisas do Brasil no exterior, canais como GloboNews que transmite notícias para o mundo.

2)      O que você acha que deveria ser mantido no telejornalismo atual do telejornal de antigamente?
PCC- Bem, antigamente havia um telejornalismo mais formal, com uma pessoa só na bancada que praticamente ancorava todo o telejornal. Mas, o modelo americano de televisão acabou desdobrando isso. Hoje em dia os programas de âncora são programas de entretenimento, como por exemplo, o programa do Jô Soares que é regido por uma pessoa, mas não é um telejornal, é uma revista. Agora no telejornal, você passou a ter uma queda nos paradigmas, o jornal é projetado de uma forma dialogada, duas pessoas em uma bancada e elas conversavam e além de conversarem entre si, elas conversam com os repórteres, outra vez a tecnologia possibilita que isso aconteça. Então hoje você vê um telejornal mais aberto, mais livre, o que representa o modelo americano e o Brasil copia muito.

3)      Você não gosta desse modelo americano?
PCC- Eu acho legal, o jornal fica interessante. O que não pode é perder a seriedade e a continuidade, que é fundamental. Muitas vezes o jornal está tratando de um assunto delicado, como uma tragédia ou algo do tipo, e se houver alguma edição com as outras matérias também, pode ocorrer que quem apresente a próxima matéria, entre sorrindo ou brincando. Por isso é necessário estar sempre muito atento para não cometer gafes no ar.

4)      Você já fez telejornalismo? Por quanto tempo?
PCC- Sim, na Globo em Brasília eu trabalhei como editor do Jornal Hoje durante cinco anos e também fui editor de um jornal chamado Painel. Ele ia ao ar à meia-noite em Brasília, tinha três blocos, um bloco de notícias, o outro era sempre uma entrevista com alguém diplomático, como embaixador, e o terceiro bloco era sempre com alguém do congresso, por exemplo, senador, deputado. Era um telejornal focado para Brasília, um ambiente voltado para esse contexto político.

5)      Em sua opinião, o que falta para o telejornalismo brasileiro ficar melhor?
PCC-  O telejornalismo brasileiro deve ser conduzido com mais seriedade, ser mais bem pautado, tratar das questões relevantes para o país. Os jornais regionais, por exemplo, devem ser mais cuidados, porque acontecem muitos exageros nas notícias e a qualidade cai muito. Nunca se deve esquecer que a televisão é um organismo de alta ressonância e que o retorno é muito forte.



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