Gabriela Sanches de Lima
Foto: Marina Moia
Pedro Celso Campos é professor do
curso de Jornalismo da UNESP e ministra aulas de Técnicas de entrevista e
Redação para o primeiro ano. Já trabalhou como editor em jornais de grande
circulação como Jornal Hoje e nessa entrevista conta um pouco mais da
importância do telejornalismo para ele e para a sociedade.
1)
Em sua opinião, quais foram as melhoras que
o Telejornalismo teve desde os anos de 1950?
PCC-
As tecnologias ajudaram muito os telejornais. Antigamente não existia videotape, o que dificultava as matérias
gravadas, então tudo tinha que ser ao vivo e errar nessa situação era
complicado. Hoje com a gravação é possível refazer a matéria, editar, corrigir
e organizar, deixando a matéria mais decente. Outra coisa também que ajudou
muito foi o sistema de transmissão. Antigamente também não existia transmissão
via satélite e nem mesmo micro-ondas, então o jornal tinha que ser feito sempre
local. Cada região tinha seu jornal para fazer as matérias ao vivo, o
jornalismo ficou muito localizado e dava conta só de assuntos regionais.
Depois com o governo militar foi criado o
sistema com micro-ondas. Ele tinha intenção de integrar o Brasil através da
comunicação. Integrar não somente com rodovias e ferrovias, mas também com a
comunicação, porque isso era como se fosse uma estratégia. Por isso, os
militares instalaram aquelas torres de micro-ondas que facilitavam as
comunicações em rede. Inclusive a Rede Globo foi procurada pelos militares para
poder tirar proveito dessa oportunidade, tanto que a Globo tirou muito proveito
dessa integração em rede. O Jornal Nacional está vivo até hoje porque é um
jornal em rede, é transmitido por todo o Brasil.
Depois das micro-ondas, veio o satélite.
Ele permitiu a transmissão internacional, em que você podia transmitir coisas
do Brasil no exterior, canais como GloboNews que transmite notícias para o
mundo.
2)
O que você acha que deveria ser mantido no
telejornalismo atual do telejornal de antigamente?
PCC- Bem, antigamente havia um
telejornalismo mais formal, com uma pessoa só na bancada que praticamente ancorava todo o
telejornal. Mas, o modelo americano de televisão acabou desdobrando
isso. Hoje em dia os programas de âncora são programas de entretenimento, como por
exemplo, o programa do Jô Soares que é regido por uma pessoa, mas não é um
telejornal, é uma revista. Agora no telejornal, você passou a ter uma queda nos
paradigmas, o jornal é projetado de uma forma dialogada, duas pessoas em uma
bancada e elas conversavam e além de conversarem entre si, elas conversam com
os repórteres, outra vez a tecnologia possibilita que isso aconteça. Então hoje
você vê um telejornal mais aberto, mais livre, o que representa o modelo
americano e o Brasil copia muito.
3) Você
não gosta desse modelo americano?
PCC- Eu acho legal, o jornal fica
interessante. O que não pode é perder a seriedade e a continuidade, que é
fundamental. Muitas vezes o jornal está tratando de um assunto delicado, como
uma tragédia ou algo do tipo, e se houver alguma edição com as outras matérias
também, pode ocorrer que quem apresente a próxima matéria, entre sorrindo ou
brincando. Por isso é necessário estar sempre muito atento para não cometer
gafes no ar.
4)
Você já fez telejornalismo? Por quanto
tempo?
PCC- Sim, na Globo em Brasília eu
trabalhei como editor do Jornal Hoje durante cinco anos e também fui editor de
um jornal chamado Painel. Ele ia ao ar à meia-noite em Brasília, tinha três
blocos, um bloco de notícias, o outro era sempre uma entrevista com alguém
diplomático, como embaixador, e o terceiro bloco era sempre com alguém do
congresso, por exemplo, senador, deputado. Era um telejornal focado para
Brasília, um ambiente voltado para esse contexto político.
5)
Em sua opinião, o que falta para o
telejornalismo brasileiro ficar melhor?
PCC- O telejornalismo brasileiro deve ser conduzido
com mais seriedade, ser mais bem pautado, tratar das questões relevantes para o
país. Os jornais regionais, por exemplo, devem ser mais cuidados, porque
acontecem muitos exageros nas notícias e a qualidade cai muito. Nunca se deve
esquecer que a televisão é um organismo de alta ressonância e que o retorno é
muito forte.
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